terça-feira, 13 de novembro de 2007

Greve da Valorsul

Loures, Lisboa, 13 Nov (Lusa) -
Trabalhadores da Valorsul, em greve desde as 00:00 de hoje, interpuseram uma providência cautelar contra o despacho a decretar serviços mínimos emitido pelos ministérios do Trabalho e do Ambiente, revelou à Lusa o delegado sindical David Costa.
Os trabalhadores da Valorsul consideram o despacho "inconstitucional" e dizem estar a ser alvo de intimidação com o objectivo de "privar os trabalhadores do direito constitucional à greve".
Segundo o despacho conjunto dos ministérios do Trabalho e do Ambiente, emitido na sexta-feira, devem ser prestados "serviços mínimos", nos dois primeiros dias de greve, na "recepção e e depósito de resíduos sólidos urbanos, recolhidos pelos municípios da área de actividade da empresa, no aterro sanitário, no centro de triagem e ecocentro e na central de tratamento de resíduos sólidos urbanos".
No "terceiro e seguintes dias de greve", os serviços mínimos devem ainda garantir o tratamento do lixo nestes três locais.
Além disso, devem assegurar "todo o processo produtivo da estação de tratamento e valorização orgânica".
De acordo com David Costa, a Valorsul não faz recolha do lixo, mas apenas o seu tratamento, não podendo por isso ser responsabilizada por eventuais problemas na recolha de resíduos, o que limita a obrigação de serviços mínimos à manutenção em funcionamento das máquinas, que não podem parar.
David Costa revela também que o referido despacho chegou ao Sindicato da Indústria Química, Farmacêutica, Petróleo e Gás do Centro, Sul e Ilhas (SINQUIFA) às 22:50 da última sexta-feira, numa altura em que já se encontravam fechadas as instalações do sindicato.
"É uma estratégia que não conseguimos compreender", afirma David Costa, que pede "responsabilidades políticas" ao ministro do Trabalho, Vieira da Silva.
Joje de manhã, o administrador da Valorsul responsável pelos Recursos Humanos, João Figueiredo, afirmou que os trabalhadores não estavam "a respeitar os serviços mínimos" na incineradora de São João da Talha.
Até ao momento, não foi possível obter uma reacção por parte do Ministério do Trabalho.
Os trabalhadores da Valorsul encontram-se em greve desde as 00:00 de hoje para reivindicar um aumento salarial de 3,7 por cento e para tentar impedir a redução do tempo de descanso obrigatório entre turnos de 12 para oito horas.
Segundo números referidos pelo SINQUIFA, a adesão dos trabalhadores à paralisação situava-se nos 100 por cento, mas a administração da Valorsul apontava hoje ao final da manhã para uma adesão na ordem dos 37,24 por cento.
MYD/JH/CP.
Lusa/Fim
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