10 pessoas do lagarteiro estão a dormir na rua

Estão a dormir ao relento as duas famílias que foram expulsas, na passada sexta-feira, do Bairro do Lagarteiro, no Porto. Os agregados familiares, constituídos por oito adultos e duas crianças (de três e 11 anos) foram despejadas pela Câmara Municipal do Porto por terem estado envolvidas em confrontos com vizinhos em Setembro passado, de que resultaram inclusive feridos. Um dos moradores em causa, Paulo Brás, irá hoje tentar resolver a situação junto da autarquia, pretensão assumida também pela advogada das famílias, Fátima Castro.A causídica, que na sexta-feira chegou a subir para o camião que transportava os bens das famílias para tentar impedir o seu despejo, que considera "injusto", contesta a decisão da Câmara Municipal do Porto, alegando que os moradores interpuseram uma providência cautelar no Tribunal Administrativo do Porto. No entanto, a autarquia já afirmou que a lei foi apenas cumprida e que nada a impede de concretizar a decisão que foi tomada.O gabinete Jurídico da DomusSocial - Empresa de Habitação e Manutenção do Município do Porto afirmou que foram cumpridos todos os procedimentos legais, mas Carlos Duarte, outro dos advogados das famílias, questiona se "não teriam direito a, pelo menos, terem sido avisadas do dia do despejo". "Havia necessidade de deixar estas pessoas, com crianças, a dormir na rua?", disse ao DN, criticando ainda a ausência de apoio da Segurança Social.As dez pessoas acenderam uma fogueira para se aquecerem e estão a dormir na rua, excepção feita às duas crianças, que têm pernoitado numa viatura emprestada por amigos - segundo os pais, só voltarão à escola quando tiverem outra casa. Os vizinhos têm ajudado, mas as famílias pedem a intervenção e auxílio da Segurança Social.